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Egoísmo, segundo a matemática

Atualizado: 18 de jan. de 2022


Biólogos usam a teoria dos jogos para estudar a evolução da cooperação entre seres vivos. Um modelo conhecido é o dilema do prisioneiro, em que o policial coloca dois suspeitos em salas separadas e propõe: entregar o colega e sair livre, enquanto o outro cumpre 10 anos de prisão; ou ficar quieto, correr o risco de ser delatado e cumprir 10 anos. Além disso, se ambos aceitarem o acordo, cumprem 5 anos cada um, mas se ficarem em silêncio cumprem apenas 6 meses. Quando analisa esses modelos, o biólogo usa a imagem do prisioneiro para representar um organismo qualquer que luta peia sobrevivência na natureza.

No dilema, o jogador que nega o acordo adota uma estratégia cooperativa, enquanto o delator adota um comportamento egoísta. Nem sempre uma ação é melhor que a outra, porém no ano passado dois físicos causaram alvoroço na comunidade científica. Descobriram no modelo uma classe de estratégias chamada zero-determinante (ZD) na qual o jogador egoísta tem uma forma garantida de combater qualquer tipo de oponente, seja ele um estrategista cooperativo ou egoísta. Christoph Adami, especialista em biologia evolutiva na Universidade Estadual do Michigan (Estados Unidos), diz que, apesar dos 30 anos de pesquisa intensa na área o principal resultado dos físicos parecia completamente novo.

Ele e o colega Arend Hintze ficaram intrigados: se organismos egoístas sempre ganhassem com a estratégia ZD, por fim, a cooperação desapareceria e o mundo teria apenas egoístas.

Então simularam milhares de jogos em supercomputadores e descobriram que ao longo da evolução os estrategistas ZD não predominavam. Ganhavam sempre somente se não jogassem contra oponentes ZD ou se tivessem informações adicionais para se adaptar à estratégia do outro jogador. Ainda assim, no longo prazo, só restariam jogadores Zr que teriam de começar a cooperar para sobreviver. “O egoísmo não é evolutivamente sustentável", diz Christoph. "A evolução o pune se você for egoísta e malvado.”

Os pesquisadores se interessam pela evolução da cooperação, pois organismos de tudo quanto é tipo cooperam. Além disso, estudaram como a comunicação é essencial para a cooperação existir. No geral, as pessoas acreditam que cinco mecanismos independentes incentivam a cooperação, mas Christoph diz que são apenas formas de garantir que cooperadores joguem majoritariamente com cooperadores e evitem outros tipos de oponentes. “A comunicação é a forma universal para que a cooperação evolua e se mantenha. Planejamos testar essa ideia diretamente em células de levedura.”

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